Guilherme Sampaio

Política “Rotas de Saída”

Veículo: Jornal O POVO, 25 de Abril de 2017.
Caderno Opinião
Assunto: Política “Rotas de Saída”
Vereador Guilherme Sampaio (PT)

Nos últimos dias, na imprensa, no meio empresarial ou político, a grande perplexidade é a falta de rotas de saída para a crise em que o País foi mergulhado após o golpe. A ausência de mandatários com a legitimidade popular imprescindível a tomada de definições políticas desperta certo pânico entre os historicamente chamados formadores de opinião.

O desvelar da história política do País, narrado no cinismo empresarial da Odebrecht, não deixam, no entanto, uma dúvida: não dá para colocar panos mornos. E, por incrível que pareça, isso tem um lado promissor.

Recorro a guia do bom senso. Os fatos demonstram que os grupos que ocuparam o núcleo do poder ao longo da história compactuam com esquemas ilegais de financiamento eleitoral. Isso não deve obscurecer a imensa distinção que divisa o projeto popular e de esquerda em relação aos que o antecederam: não obstante ter sido vulnerável ao sistema, dirigiu o País no rumo de mais justiça, soberania e igualdade, em patamar nunca antes vivenciado.

Algumas conclusões se impõem:
1. Quando se joga luz sobre a sujeira, ou se faz a limpeza ou vive-se o insuportável: o lixo com a consciência do mal cheiro. Todos os que cometeram delitos, contra quem houver provas, devem ser punidos no rigor da lei, ou seja, com as plenas garantias do processo legal.

2. Nesse mesmo diapasão, aqueles que não cometerem delitos ou contra os quais não há provas, não devem ser punidos, pois, nesse caso, punir-se-ia a própria possibilidade de justiça, sem a qual todo futuro será incerto.

3. Parece óbvio, mas cada delito deve ter punição proporcional à sua gravidade. Deve-se distinguir enriquecimento ilícito de financiamento ilegal de campanha. A proporcionalidade das penas preservará, mais uma vez, a justiça, sem acumpliciar-se com a impunidade.

4. Por fim, os quadros públicos citados em delações, mas contra quem não houver provas, devem ter assegurados seus direitos políticos e disputar livremente as eleições, se assim definirem seus partidos. Isso vale tanto para Lula, quanto para Aécio, ou qualquer outro.

5. O POVO não está alheio ao que se passa. Sua decisão soberana pesará tudo e resultará numa avaliação mais madura do que as das últimas eleições, se os chamados formadores de opinião, tão angustiados que estão, não continuarem a alimentar histórias de super-heróis e da luta do bem contra o mal. A Soberania do voto popular, expressa na força de escolhas maduras, é a base da estabilidade política e de reconstrução da economia.