Guilherme Sampaio

Por que os despautérios de Bolsonaro não provocam uma ruptura?

Veículo: Blog Eliomar de Lima , 07 de agosto de 2019 .
Coluna Política
Assunto: Por que os despautérios de Bolsonaro não provocam uma ruptura?
Guilherme Sampaio, vereador de Fortaleza

Ao longo dos últimos sete meses, boa parte da população tem se chocado com uma sucessão de atos e declarações deploráveis do presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre temas que vão desde a exaltação criminosa da ditadura militar à defesa do trabalho infantil e escravo.

Em qualquer democracia madura, com instituições consolidadas, esses gestos seriam objeto não apenas de “textões” na internet, ou de declarações indignadas de alguns formadores de opinião. Provocariam, para além disso, posicionamentos institucionais firmes. Limites seriam impostos em defesa do estado democrático de direito e da preservação mínima da credibilidade nacional.

O que estamos assistindo, no entanto, não passa de tentativas da oposição de sensibilizar, ora o Judiciário, ora o Legislativo, quanto às suas responsabilidades institucionais e da gravidade ascendente dos fatos.

A pergunta que fica é: por qual motivo isso ocorre? Na realidade, as razões que inibem posicionamentos institucionais mais categóricos são as mesmas que levaram as representações da elite e boa parte da classe política a apoiar Bolsonaro, em detrimento de um consistente e preparado Fernando Haddad: enquanto os interesses econômicos dos muito ricos estiverem preservados, ou, pelo menos, com prognósticos favoráveis no alinhamento à pauta econômica do governo, pouco importa quem ocupa a cadeira de presidente.

O ponto de inflexão só virá se os despautérios de Bolsonaro forem longe o suficiente para inviabilizar, na política, interesses como o da reforma da previdência, por exemplo, tão ansiada pelos banqueiros. Essas elites, ávidas por lucro e privilégios, ou preenchidas do ódio de classe, sempre foram capazes de entregar, sem constrangimento, o patrimônio nacional, como fizeram há pouco com parte da Petrobras Distribuidora, enquanto passam férias em suas mansões de Miami.

Aos que creem na Democracia e na capacidade do povo para compreender o processo político e voltar a eleger governos sintonizados com os interesses da maioria, resta lutar e exercer, com inteligência e firmeza, a denúncia e a resistência que o momento exige. Saber resistir agora é plantar a semente da vitória de amanhã!

Guilherme Sampaio, vereador de Fortaleza